Os moradores do Porto do Capim estão exigindo que a Prefeitura de João Pessoa apresente o projeto definitivo de revitalização do Centro Histórico da capital, incluindo detalhes sobre a relocação das famílias. A Associação de Mulheres do Porto do Capim lembrou que o anúncio sobre a intervenção foi feito há 1 ano, porém até agora informações relevantes sobre a ação, a exemplo da dimensão e localização das novas residências, não foram partilhadas com a comunidade. A presidência da entidade disse ainda que o primeiro projeto mostrado pela atual administração teria sido uma mera cópia de uma proposta apresentada há quase 18 anos pela Comissão de Revitalização do Centro Histórico daquela época.

A presidente da Associação de Mulheres do Porto do Capim, Rossana Holanda, explicou que o primeiro contato da entidade com a gestão atual da prefeitura aconteceu no início do ano passado. “Conseguimos uma reunião com o prefeito, intermediada por um vereador, em fevereiro de 2013. Depois, houve um encontro na comunidade com a secretária de Habitação (Socorro Gadelha), que aconteceu no final do primeiro semestre. Um segundo encontro ocorreu em agosto do ano passado. E de lá para cá não conseguimos mais informação”, lamentou.

Segundo Rossana, a Secretaria de Habitação teria pedido dois prazos de 15 dias cada para apresentar o projeto e discuti-lo com a comunidade. As dimensões da nova residência e a região que vai acolher as moradias também é uma das preocupações da entidade. “Chegou informalmente para a gente a informação de que a prefeitura ampliaria as novas residências. No projeto original seriam de 40 metros quadrados e no novo ficariam 60 metros quadrados. Mas não tivemos confirmação nenhuma sobre isso”, esclareceu Rossana.

Rossana explicou que 85% dos moradores não querem sair porque estão há mais de 50 anos no Porto do Capim, por diversas gerações. “No mapeamento que fizemos, tem gente morando há 70 anos”, disse . “E também muitos não querem sair porque desacreditam nesse projeto”, criticou.

Enquanto a Prefeitura de João Pessoa não oficializa detalhes sobre o projeto, a Associação de Mulheres realiza ações permanentes para cobrar mais transparência ao poder público.

“Continuamos nos reunindo na comunidade e fazendo cobranças pelo perfil oficial do movimento no Facebook (redes sociais). Também fizemos um abaixo assinado para chamar a atenção da população para a nossa causa. Sugerimos que a prefeitura faça uma gestão mais compartilhada e libere mais informações sobre o projeto”, reclamou.

Para garantir seus direitos, a entidade também encaminhou um ofício ao Ministério Público, solicitando um laudo antropológico da região. “A nossa intenção é definir com esse documento a constituição da comunidade e a relação dos moradores com o lugar”, disse.

Texto: Cecília Noronha – Jornal da Paraíba